quinta-feira, 24 de março de 2011

Lucidez...


“Em tempos insanos, de tanta gente maluca por vaidade, maluca por dinheiro, maluca por poder... os lúcidos destacam-se pela raridade.
São aqueles que não inventam personagens de si mesmos... não se trapaceiam... não criam fantasias, ao contrário, se comprometem com a verdade.
E se envolver assim com a transparência dos fatos requer uma integridade diabólica.
Para olhar o bicho nos olhos é preciso ser bicho também.
Enfrentar a verdade é quase um ato de selvageria.
Mas, que verdade é essa, afinal?
É aí que o demônio apresenta sua conta... pois o lúcido tem que se confrontar com uma verdade desestabilizadora: a de que não existe verdade absoluta!
Nossos pensamentos não estacionam... nossos desejos variam...
O certo e o errado flertam um com o outro...
Não há permanência... tudo é provisório.
E buscar um porto seguro... é antecipar o fim.
A única segurança está na morte... será ela nosso único endereço definitivo.
Durante o percurso da vida... tudo é movimento, surpresa e sorte...
O lúcido faz parte do time - cada vez mais desfalcado - dos que se desesperam como todo mundo... porém, de um modo mais íntimo e refinado.
O lúcido organiza sua loucura... acondiciona o que está solto no ar... e interliga várias ideias independentes...
Para que, agarradas umas nas outras... não se dispersem... estejam ao alcance da mente.
Quanto mais o lúcido pensa, mais percebe que lucidez plena não existe...
O que existem são suposições... e algumas até coerentes... e que nos mantêm no eixo...
Lúcido é aquele que sabe que lucidez é uma falácia... e não pira com isso...
Pois, lúcido... é só um outro nome para louco... o louco que tem a cabeça no lugar demais...”
                                                (Martha Medeiros em Doidas e Santas)

“Nossos pensamentos não estacionam... nossos desejos variam... o certo e o errado flertam um com o outro... não há permanência... tudo é provisório...”   Ainda bem...

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