terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Despedida do Amor...


Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,  com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física, da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. 
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,  sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. 
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,  lembrança de uma época bonita que foi vivida...
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual  a gente se apega. Faz parte de nós. 
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,  mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente,  e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. 
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a 'dor-de-cotovelo' propriamente dita. É uma dor que nos confunde. 
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra.
A pessoa que nos  deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por  ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,  que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo...
É o arremate de uma história que terminou,  externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente... 
E só então... a gente poderá... amar, de novo.
                                                                                      (Martha Medeiros)

Simples assim...

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