quarta-feira, 6 de abril de 2011

Taça de Veneno

Hoje vamos tratar de Desejos... e Venenos...
Muitos sentimentos são como verdadeiros venenos... a nos destruir lentamente...
É justamente nas doses ou porções de veneno que nossas “forças nos podem matar”... e nossas “fraquezas nos podem salvar”...
Eles existem... independentes de nós... porém, somos nós que dosamos a sua porção que será absorvida...
E, talvez, mais perigosos que os venenos... sejam nossos próprios desejos...
Por isso temos tanto medo daquilo que desejamos...
Eu, particularmente, tenho medo é das coisas que ‘não entendo’... ‘não aceito’... ‘não fazem sentido (pra mim)'... ao menos, até começarem a fazer...
Mas, falar de desejos não é assim tão simples...
O desejo é um veneno da mente... pois é ali que ele nasce... e toma conta, inconscientemente (ou não)...
Os desejos podem assumir as mais diversas formas... naturalmente... e não há nada de errado nisso...
O problema começa com a realização ou não desses desejos... na relevância que estes assumem em nossas histórias pessoais... o que fazemos (ou não) com eles...
Podendo ser tão benéficos... quanto nocivos...
Tenho comigo uma visão bem clara desta (não) ação em nossas vidas... tempos atrás, em um certo momento de (re)descoberta... escrevi sobre essa minha ideia para uma pessoa muito especial...
Acredito mesmo que nossos desejos não realizados sejam como verdadeiros venenos a nos consumir a alma...
Até que um certo dia nos renderemos a eles... pois, se coração e mente já se encontram embriagados... não há muito mais a fazer...
Muitos desejos nascem de forma espontânea... quando menos se espera...
Às vezes surgem mansamente... no fundo do ser...
Outras tantas (a maioria)... são urgentes, parecem com gritos ecoados no ar... clamando por liberdade...
Muitas vezes... são despertados no corpo e na mente... por alguém que não conseguimos entender porque...
Esses são, quase sempre, verdadeiros delírios de almas apaixonadas...
Nem sempre acreditamos neles... (seria este nosso principal erro?)
Quase sempre ocultamos, sufocamos, negligenciamos esses desejos... ou então, os guardamos em um lugar muito distante em nossa memória... onde ninguém possa encontrá-los (de vez em quando, nem mesmo nós)...
Isso nos leva a uma viagem aos lugares mais secretos da nossa mente... onde os desejos têm origem... lugares estes, muitas vezes frios e escuros... mas, que todos temos dentro de nós... não podemos negá-los...
Quanto mais ocultos os mantivermos, mais difícil será entendê-los... (será que precisamos mesmo?) Por vezes, mal sabemos senti-los...
E assim chegará o dia em que nada mais terá importância...
Mas, (in)felizmente eles não passam por completo... apenas, acomodam-se dentro da gente... e, de vez em quando, fazem-nos “tremer”... só para lembrarmos que eles ainda existem...
Com o passar do tempo... alguns são substituídos por outros... ou, simplesmente amoldados às nossas (novas) necessidades... quase sempre afetivas... outros, simplesmente apodrecem dentro da gente...
Os desejos são assim... como os venenos também os são... suas respectivas doses é que vão fazer a diferença em nossas vidas...
                                                                                                    (MCM)

“Todos precisam de um veneno... pra encher a sua taça de desejo...
Todos precisam de um desejo... pra encher a sua taça de veneno...”


            Os excessos tentam diminuir
            Tudo o que nos falta... sem conseguir
            Vontades fazem de um rei... um escravo
            Quando põe o mundo atrás das grades.

            São as forças que nos podem matar
            São fraquezas que nos podem salvar
            Erros são certos... pra sermos únicos
            Defeitos... se confundem com virtudes.

            Todos precisam de um veneno
            Pra encher a sua taça de desejo...
            Todos precisam de um desejo
            Pra encher a sua taça de veneno...

            Mas com medo não se vive... com receio não se vai
            Com a dúvida não se arrisca... não se voa, não se cai
            Curto é o caminho dos covardes...
            Triste é o riso dos ignorantes...

                                                           (Guilherme Arantes, 1992) 

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