terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Amor e A Liberdade...



Quando postei fragmentos do diálogo entre Brida e Wicca em dezembro do ano passado num post que chamei de Brida e a Outra Parte..." pensei em escrever um pouco sobre o autor do livro, Paulo Coelho... Porém, me pareceu desnecessário... Afinal, informações sobre ele e sua obra existem aos montes (principalmente na internet)... Acho mesmo que ele é daqueles autores amados e/ou odiados em proporções gigantescas... Não quero aqui entrar nas ‘polêmicas’ (e desnecessárias) comparações entre ele e outros autores ‘clássicos’ da literatura, que tanto encontramos por aí...
Eu, particularmente, gosto muito da sua obra... Tanto como compositor, como também escritor... Já li mais de uma dezena de livros seus e acredito que cada um de nós consegue sempre 'se encontrar' ou mesmo 'se identificar' com os mais diversos personagens, reais ou fictícios, existentes em seus livros...
O primeiro livro que li dele foi justamente Brida... Há mais ou menos uns vinte anos... E o mais recente foi neste final de semana, aliás terminei há pouco... Onze Minutos, que chegou até mim através da minha irmã mais nova, mas que na verdade é de uma amiga dela que também gosta muito de ler... O que já faz dela uma pessoa especial também (thanks, Lis)...



“Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, para alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu esse pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção.
Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo.
Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: – Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá...
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava pra suas amigas, que comentavam: – Mas você é uma pessoa que tem tudo...
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: Como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse.
O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio... e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu.
Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta.
Por que você veio? perguntou à morte.
Para que você possa voar de novo com ele nos céus; respondeu a morte.


Se o tivesse deixado partir e voltar sempre... você o amaria e o admiraria ainda mais... entretanto, agora você precisa de mim... para poder encontrá-lo de novo...
                                                                                                                             (Onze Minutos)

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