“...Vim pra casa humilde.
Depois... um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele.
Guardei a minha no bolso.
E fui.
E fui.
Não por nobreza... cuidar dele faria com que eu esquecesse de mim.
E fez.
Quando gemeu... “dói tanto”, contei da moça vadia sozinha chorando, bebendo e fumando (como num bolero).
E quando ele perguntou... “por quê?”, compreendi ainda mais.
Falei... “Porque é daí que nascem as canções”.
E senti um Amor imenso.
Por tudo... sem pedir nada de volta.
Não-ter pode ser bonito... descobri.
Mas pergunto inseguro, assustado... a que será que se destina?”
(Caio Fernando Abreu em Pálpebras de Neblina)
Simples assim...
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