“Não desejei senão estar ao sol ou à
chuva.
Ao sol... quando havia sol,
E à chuva... quando estava chovendo.
(E nunca a outra coisa...)
Sentir calor e frio e vento...
E não ir mais longe.
Uma vez amei... julguei que me
amariam.
Mas... não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão...
Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à
chuva.
E sentando-me outra vez à porta de
casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes
Para os que são amados...
Como para os que não o são.
Sentir... é estar distraído.”
(Alberto
Caeiro, heterônimo
de Fernando Pessoa)